domingo, setembro 26, 2010

transfiguração OU proteja o seu planeta

Era uma vez um homem chamado Adão e uma costela chamada Eva, que um dia trincaram uma
(...)
Depois de o mundo estar de pantanas, porque alguém rebentou com isto tudo, só existia uma casa, e nela vivia uma família, que era a única em todo o
(...)
Estamos em 2143 e estão -3ºC em Lisboa, cidade onde
(...)
Daniel e Sofia eram namorados. Já não são. Agora são casados. Têm um filho. Ups, fim. Sofia morreu e Daniel matou-se. Tinha o José cinco anos. Cresceu e parece que é homossexual. O corpo agora é outro. Chama-se Josefa, gosta tanto de si. Quando era homem sentia-se mulher e gostava de levar com ele. Sendo mulher, descobre agora que pode levar com ele à vontade, mas só quando ele é pertença de homem homossexual, como era José antes de ser Josefa. E de Josefa só gostam os machos, que pena. Morre de desgosto quando lhe negam o plástico regresso às origens, não sabemos porquê. Muito perto disto tudo, está Olívia, que se deixa foder por Aníbal, atrás da câmara municipal. Quando ela se decide proteger do mal branco, recorre a um preservativo que se encontra naquele chão desde que José o usou no rabo de certo moço que nunca vos chegámos a apresentar. Olívia engravida. O filho é do falecido José, ou Josefa, não do Aníbal, embora Aníbal seja como um pai para ele.
Olívia recusou-se terminantemente, dali em diante, a reciclar. Não só nunca mais reciclou, como matou o filho, que era um problema.

E agora não há maneira de continuar a história.
É como se o mundo tivesse acabado.
É como se o fosse.

Demain.

terça-feira, setembro 21, 2010

coisas más

Quando tu entraste o ar saiu
E na sombra dúvida se descobriu
Não sei quem pensas que és
Mas antes que a noite fique pra trás
Vamos fazer coisas más.

Sou do tipo que fica sentado
Olhos azuis e coração maltratado
Não sei o que me fizeste
Mas sei o que o meu toque te faz
Vamos fazer coisas más.

Quando tu entraste o ar saiu
E nas sombras a dúvida se descobriu
Não sei quem pensas que és
Mas antes que a noite fique pra trás
Vamos fazer coisas más
Vamos fazer coisas mesmo más.

Não sei o que me fizeste
Mas sei o que o meu toque te faz
Quero fazer-te coisas más
Quero fazer-te coisas mesmo más.


jace everett
tradução livre pelo vaz

segunda-feira, setembro 20, 2010

romance & cigarros

Passou Bem era um homem de grande aparato e sorriso. Em toda a sua estrutura dentária, apenas dois modelos eram amarelos, por causa dos cigarros que chupava de surra, apontando o cano sempre aos mesmos dois dentes, como alguém lhe dissera um dia para fazer.
Passou Bem cumprimentou Dona Mãe Senhora Mulher e deu conta do amor dela por si. Como se tornava feia uma mulher apaixonada. Quis gozar com ela e sorriu. Ela sorriu de volta e mostrou seu piano velho e amarelo por entre os lábios finos e duros, brochistas sem experiência. Queria beijá-lo. Passou Bem pensou que os dentes só estavam amarelos por ela estar apaixonada, e fez-lhe sentido no miolo que ele estivesse em parte apaixonado por alguém.
Mas não se lembrava de quem pudesse ser. Quando no dia que se seguiu a esse foi cumprimentar o Reverendo Lambão, este ouviu a sua confissão, e colocou mão e ternura sobre a perna de Passou Bem, dizendo-lhe que sabia por quem ele estava apaixonado. Passou Bem cuspiu sobre a mão do Reverendo mas queria saber por quem estava apaixonado, e limpou resignado o que havia ali de baba sua. O Reverendo pôs-se com exigências e fez jus ao apelido, limpando depois o que havia ali de semente alheia. Passou Bem sentiu-se inclinado a agradecer, afinal não soubera assim tão mal.
Tomou conhecimento de ser Passou Bem o objecto do amor de Passou Bem. Disse assim: "Tenho que gostar mais de mim." E dali em diante fumou mais, muito mais, e amarelou muitos mais dentes por já não se importar com os dentes a que dirijia os cigarros; abriu tanto os pulmões ao amor-próprio que um dia caiu redondo no chão, e estava morto por gostar tanto de si.

quarta-feira, setembro 15, 2010

25

os franceses
no hospital psiquiátrico
também não são
homens
são mulheres
injectados
e amarrados
onde é que a maria
morre?