quarta-feira, junho 29, 2011

tanto quanto: o que foi não é nada isto

T: Continuamos esta conversa depois.
N: Começamos outra agora.
T: Vamos.
N: Não me sinto preparado.
T: Logo vi. Quanto tempo?
N: Não é uma questão de tempo.
T: É sim, está na cara que é.
N: Quem vê caras não vê corações.
T: Não. Quanto tempo?
N: Todo.
T: Chega?
N: Vamos ver...
T: Gostaste?
N: Sim.
T: Fala-me das tuas outras relações.
N: "É uma longa história, doutor."
T: Estás a citar.
N: Mais tempo, então.
T: Nunca falámos sobre isto.
N: Isto o quê?
T: Isto, o que se passa.
N: Gostas de mim?
T: Estás a citar.
N: Já não. Gostas de mim?
T: Tanto.
N: Tanto tempo.
T: Ou tão pouco.
N: É tudo uma questão de ritmo.
T: Velocidade!
N: Não.
T: Sabes-me bem.
N: A quê?
T: A comida indiana.
N: É bom saber.
T: Só te digo coisas bonitas, eu.
Ñ: Foram impulsos.
T: O quê?
N: As outras relações. Foram impulsos.
T: É assim.
N: Esta não.
T: Pois. O tempo transforma o impulso numa sensação.
N: Mais tempo, então.
T: É uma tortura.
N: Estás a citar.

1 comentário:

  1. quero ver mais diálogos.

    diálogos "épicos". (nao falta muito. paciência caro João, paciência)

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