sexta-feira, fevereiro 11, 2011

3. jogar a ti

Espelho meu, espelho meu, haverá alguém mais do que eu. Contas-me que és alguém, diferente do que sou e menos interessante, mas és, apesar de tudo. Não estás aqui para falar de ti, percebo que és uma actriz, é a minha hora. Um pano que se abre para ti, Maria, que falas comigo através de um espelho que não há e depois me mostras a Luísa, a triste Luísa, que vive com a gata, a jornalista gorda, estamos a tratá-la muito mal, mas a tratá-la, apesar de tudo. Sigo um corredor escuro até um telefone que toca. Estou, Luísa? Não quero estar contigo, sê infeliz. E agora mostras-me imagens. Vejo os outros que conheço a seguir-me os passos e oiço-me falar com a Maria sobre a gata da Luíza. About you. E é noutro sítio que me dás auscultadores para ouvir a Maria fazer-se passar por mim para o outro. O outro conhece-me, mas não sabe quem sou. Tenho que cortar o cabelo.

Sem comentários:

Enviar um comentário